A política local do Ceará ganhou um novo episódio que evidencia os recentes realinhamentos de forças no estado. A Câmara Municipal de Camocim, no litoral, rejeitou por 8 votos a 5 um requerimento que propunha conceder uma comenda ao ex-governador Ciro Gomes, atualmente filiado ao PSDB.
A proposta, apresentada pelo vereador Marco Antônio Silva Veras Coelho (Republicanos) em 24 de outubro, justificava a homenagem pelos “vários serviços prestados no desenvolvimento do município” durante a gestão de Ciro. No entanto, a aprovação esbarrou na forte oposição da bancada de sustentação da prefeita Betinha Magalhães (PSB).
A união dos 8 votos contrários, pertencentes ao grupo da prefeita, sinaliza um alinhamento evidente com o Palácio da Abolição. A motivação por trás da rejeição, conforme apurado, seria uma orientação vinda do deputado estadual Sérgio Aguiar (PSB), buscando uma aproximação e demonstração de lealdade ao governador Elmano de Freitas (PT).
Este movimento em Camocim é emblemático. Ciro Gomes, que historicamente foi a maior liderança do PSB no Ceará antes de seu rompimento com o PT, agora vê seu nome ser barrado por uma base aliada que, embora nominalmente no PSB, está firmemente engajada na órbita petista de Elmano de Freitas e Camilo Santana.
A votação expõe a dificuldade de Ciro em angariar apoios mesmo em municípios que se beneficiaram de suas gestões, à medida que os grupos políticos regionais priorizam as alianças com a atual máquina governamental. O resultado em Camocim não é apenas a rejeição de uma honraria; é um espelho das intensas e complexas disputas que reconfiguram o mapa político cearense.
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