Inquérito

Entenda porque Toffoli manteve acareação no caso Master

Especialistas veem respaldo legal, mas destacam o caráter inusual da diligência de ofício

O ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), manteve a decisão de realizar uma acareação no inquérito sobre irregularidades no Banco Master, rejeitando embargos do Banco Central (BC). A medida visa confrontar depoimentos do dono do banco, Daniel Vorcaro, do ex-presidente do BRB, Paulo Henrique Costa, e de um dirigente do BC, marcada para 30 de dezembro de 2025. Essa decisão ocorre em meio a suspeitas de fraudes bilionárias em operações de venda de carteiras de crédito entre o Master e o BRB.​​

O inquérito apura emissão de títulos de crédito falsos, como CDBs com retornos de até 40% acima da taxa básica, movimentando cerca de R$ 12 bilhões. O Banco Central liquidou o Master em 18 de novembro de 2025, no mesmo dia da Operação Compliance Zero da PF, que prendeu Vorcaro e outros dirigentes. Toffoli assumiu a relatoria, definindo a competência do STF e impondo sigilo absoluto ao processo.​

Toffoli busca esclarecer possíveis demoras na liquidação do banco, o momento em que o BC tomou conhecimento das irregularidades e falhas na fiscalização de títulos bancários. Juristas notam que a acareação, embora legal, é incomum no início do inquérito, sem contradições claras em depoimentos prévios ou pedido da PF ou PGR. A Procuradoria-Geral da República e o BC contestaram a medida, questionando sua finalidade em fase preliminar.​​

A decisão gerou polêmica, com O Globo cobrando transparência e juristas apontando “hiperparticipação” do STF, colocando servidor público em posição similar a investigados. Revelou-se que Toffoli viajou a Lima em jato de empresário com advogado de investigado, no dia da relatoria, alegando não ter discutido o caso. Especialistas veem respaldo legal, mas destacam o caráter inusual da diligência de ofício.​

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