Eu coloquei: Pescador Sérgio Miranda em mais um dia no alto mar. Foto: Felipe Klisma.
Pescador Sérgio Miranda, em mais um dia no alto mar. (Foto: Felipe Klisma)

Cascavel

Os desafios da pesca de lagosta na Caponga

Cascavel

Por Camylla Evellyn

Caponga, distrito do município de Cascavel, é uma comunidade que fica no Litoral Leste do Ceará, a 65km de Fortaleza. A principal fonte do sustento local é a atividade pesqueira. Dentre elas, uma se sobressai: a captura da lagosta. A sua escassez faz com que esse marisco seja mais valorizado quando comparado com outras espécies. No entanto, a lagosta não pode ser pescada durante o ano todo, pois os órgãos governamentais estabelecem um período de seis meses equivalente ao defeso da espécie. Durante esse período de pausa, os pescadores recebem um auxílio equivalente a um salário mínimo.

Escasses na produção

Em depoimento, o pescador Sérgio Miranda declara que a pesca da lagosta tem os seus impasses e nem sempre é lucrativa. “De 2002 até 2006 foi um período abundante. Em todo o Litoral Leste do Ceará, era lagosta brotando no mar. Só veio ter outra época assim em 2013, que veio outra remessa grande. Mas chegou nessa situação: hoje só se pesca mais para receber esse seguro-defeso. A nossa reclamação fica para o governo, que eram seis parcelas e ficaram cinco. Foi tirada uma parcela nossa no tempo (do governo) da Dilma”, detalhou o jangadeiro aposentado há sete meses.

Impactos da pesca ilegal

Ainda segundo o jangadeiro, as principais ameaças para a pesca artesanal de lagosta são as grandes embarcações e os seus mergulhadores. A captura, dessa maneira, é desigual, injusta e irregular. “A produção sempre era maior porque (na década de 1970) não tinha barco clandestino e nem mergulhador. O pescador capturava a lagosta à moda antiga. Já o mergulhador, hoje, vai buscar a lagosta lá embaixo. Mexem até nos nossos materiais, cortam, tiram a lagosta de dentro das armadilhas e atrapalham”, revela.

Sérgio reforça, ainda, outras preocupações. “O mergulhador ainda pesca fora de época. O pior disso tudo é que o Governo Federal tem um projeto pra legalizar a pesca de mergulho, dando equipamento e tudo”, ressalta.

“Pescador nem planta e nem cria, pois todo o sustento está dentro do mar”, conclui.

Mesmo diante de tantos desafios, a pesca da lagosta já começou em todo o Litoral cearense. As falas do pescador de Caponga representam os demais profissionais da categoria nas demais localidades. A incerteza da produção dá lugar para a coragem de mais uma tentativa.

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